Introdução: O câncer e seus tratamentos podem ter efeitos negativos sobre o estado nutricional de crianças, especialmente por causa dos jejuns. Porém, isso ainda não foi bem investigado. Dessa forma, o objetivo do estudo foi analisar a associação entre tempo de permanência em jejum e evolução do estado nutricional de pacientes pediátricos oncológicos. Método: Foi realizado um estudo longitudinal de caráter retrospectivo, realizado com 30 pacientes pediátricos oncológicos internados em enfermaria. A coleta de dados foi realizada através do prontuário eletrônico, obtendo informações sociodemográficas, clínicas, medidas antropométricas da admissão e da alta hospitalar, alterações gastrointestinais e tempo de jejum em horas durante a internação. Para verificar a associação entre a evolução do estado nutricional e tempo de jejum durante a internação, utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis, comparando o período total em jejum em três grupos avaliados de acordo com indicador índice de massa corporal/idade (IMC/I): pacientes que regrediram o índice durante a internação, pacientes que progrediram e pacientes que mantiveram. Resultados: A maioria dos pacientes (66,6%) apresentou tumores hematológicos, não recidivados (80%), alimentavam-se por via de alimentação oral exclusiva (70%) e não apresentaram mucosite durante a internação (53,3%). Apesar de a maioria ter sido admitida em eutrofia, 56,6% apre- sentou perda de peso, e 50% sofreu regressão dos escores de IMC/I. A mediana de horas totais em jejum foi de 43,5 (10,0-170,0). Não foi observada associação entre o tempo de jejum e os grupos avaliados (p=0,675). Conclusão: Este estudo destaca os desafios nutricionais enfrentados por crianças oncológicas hospitalizadas, reforçando a necessidade de monitoramento nutricional rigoroso e intervenções para minimizar os impactos do jejum prolongado durante a hospitalização.

Introduction: Cancer and its treatments can have negative effects on children’s nutritional status, especially because of fasting. However, this has not yet been clearly investigated. As such, the objective of the study was to analyze the association between fasting time and evolution of the nutritional status of pediatric oncology patients. Methods: The retrospective longitudinal study was carried out with 30 pediatric oncology patients admitted into a ward. Data collection was carried out through the electronic medical record, obtaining sociodemographic and clinical information, anthropometric measurements at admission and hospital discharge, gastrointestinal changes and fasting time in hours during hospitalization. To verify the association between the evolution of nutritional status and fasting time during hospitalization, the Kruskal-Wallis test was used, comparing the total fasting period with three groups evaluated using the body mass index/age (BMI/ I): patients who regressed the index during hospitalization, patients who progressed and patients who maintained it. Results: Most patients (66.6%) had hematological tumors, did not recur (80%), were fed exclusively orally (70%) and did not present mucositis during hospitalization (53.3%). Though the majority were admitted with adequate weight/eutrophy, 56.6% of them experienced weight loss and 50% with regression of BMI/A scores. The median total hours fasting was 43.5 (10.0-170.0). There was no association between fasting time and the groups evaluated (p=0.675). Conclusion: This study highlights the nutritional challenges faced by hospitalized oncology children, reinforcing the need for rigorous nutritional monitoring and interventions to minimize the impacts of prolonged fasting during hospitalization.