Estado nutricional de populações ribeirinhas da região da Ilha do Marajó: estudo observacional de coorte
Isabelle Gargalak Aziz da Silveira, Carlos Henrique de Oliveira Alves, João Pedro Fontana Rossi, Julia Regis Fontes, Lucca Aldigueri Trentin, Diogo Oliveira Toledo
Resumo
Introdução: A análise da situação nutricional de uma população envolve parâmetros antropométricos. A altura, o peso, a idade e o sexo são imprescindíveis para se classificar uma população como abaixo do peso, eutrófica, com sobrepeso ou obesa. Este estudo de coorte sobre a população ribeirinha da Ilha do Marajó (PA, Brasil) correlaciona a situação nutricional desse povo com sua base alimentar. A comunidade marajoara vive da mão-de-obra do cultivo e comércio da farinha de mandioca e seus derivados. Este artigo analisa os dados antropométricos de uma amostra da população ribeirinha da Ilha do Marajó. Método: Foi analisado o IMC de 429 pessoas, incluindo crianças, adultos e idosos. O cálculo utilizado foi estabelecido pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Para a população infantil, foi utilizado a curva de percentil segundo a OMS. Os dados de peso, altura, sexo e idade, além das suas principais queixas de saúde, foram coletados a partir de uma triagem aplicada por profissionais da área da saúde capacitados com as devidas aferições antropométricas, dentro dos municípios de Melgaço e Portel (PA, Brasil), no período de fevereiro e março de 2022. Resultados: A população com 19 anos ou menos, sendo 2,56% dos meninos e 1,28% das meninas, foi caracterizada como baixo IMC, 32% dos meninos e 41% das meninas tinham peso adequado e 10,2% dos meninos e 4,48% das meninas estavam acima do peso recomendado. Entre os maiores de 19 anos, apenas 1,19% das mulheres se encontravam abaixo do peso. Aproximadamente 14,8% da população masculina e 30,9% da feminina encontravam-se com peso adequado. Os sobrepesos constituíam 11,4% de homens e 24,4% de mulheres. Por fim, 7,73% dos homens e 9,25% das mulheres enquadram-se como obesos. Conclusão: Apesar da base alimentar da comunidade ribeirinha ser composta, majoritariamente, por alimentos de baixo valor nutritivo, como mandioca, a sua população classifica-se como adequada para o peso ao se avaliar apenas dados numéricos. Pode-se concluir que a correlação da antropometria de maneira isolada não revela que há equilíbrio da base alimentar dos ribeirinhos, devido ao baixo acesso e consumo de maior variedade de mantimentos saudáveis e completos.