Características nutricionais de pacientes com a COVID-19 em uma unidade de terapia intensiva
Susiane Adrine de Araújo Santiago, Sofia Souza da Cunha, Gabriel Bezerra de Souza, Ítala Maria Araújo Andrade, Cristina Tavares de Aguiar Avilar, Cawana da Silva do Nascimento, Patrícia Rezende do Prado, Thatiana Lameira Maciel Amaral
Resumo
Introdução: A inadequação nutricional está relacionada a uma resposta imune fraca, por isso, os distúrbios nutricionais devem ser geridos brevemente, principalmente em pacientes hospitalizados. Assim, é fundamental avaliar o estado nutricional e o desfecho dos pacientes com a doença do coronavírus 2019 (COVID-19), cuja doença se alastrou rapidamente pelo mundo, tornando-se uma pandemia de ameaça generalizada à saúde e à economia global. Este trabalho objetiva avaliar o estado nutricional à admissão, a terapia nutricional ofertada durante a internação e o desfecho dos pacientes com a COVID-19 de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Método: Estudo transversal realizado em uma UTI, de março a dezembro de 2020. A associação entre a variável dependente e as independentes foi realizada pelo teste qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher, quando apropriado. Resultados: Dentre os 48 pacientes com a COVID-19, 52,0% tinham índice de massa corporal (IMC) <30 kg/m² e 48,0% IMC ≥30 kg/m² à admissão. Os pacientes com IMC <30 kg/m2 receberam maior frequência de nutrição precoce e atingiram mais frequentemente o valor energético total (VET) no 3º dia (68,2%) quando comparados àqueles com IMC ≥30 (52,2%). Os indivíduos com IMC ≥30 ao 3º dia não conseguiram chegar no aporte proteico ≥1,5 (87%). No 7º dia, as metas tornavam-se mais difíceis, pois 94,1% dos indivíduos obtiveram proteína <1,5g e 100% destes pacientes não atingiram o aporte calórico-proteico. Os pacientes com IMC ≥30 apresentaram maior percentual de intercorrências, nutrição enteral exclusiva à admissão e suspensão da dieta. A frequência de óbito foi menor no grupo com IMC <30, porém, sem significância estatística. Conclusão: Os pacientes obesos (IMC ≥30) não alcançaram as metas calórico-proteicas quando comparados aos não-obesos, receberam menor percentual de nutrição precoce e tiveram maior frequência de óbito. Os resultados sugerem maior vigilância nutricional da equipe multidisciplinar para com a terapia nutricional em pacientes com IMC ≥30 kg/m².